Em entrevista coletiva concedida aos alunos participantes da oficina de jornalismo esportivo, do curso de comunicação/jornalismo da Uninove, na noite de quarta-feira 25/05 em São Paulo, o técnico da equipe de vôlei do Sesi São Paulo, atual campeão da Super Liga de Vôlei Giovane Gávio, falou de suas conquistas, antes como atleta e hoje como técnico, respondeu a uma bateria de questões levantadas pelos futuros jornalistas, sobre sua carreira, olimpíadas, infraestrutura para copa e olimpíadas, preparação de atletas, patrocínios e sobre suas expectativas com o vôlei brasileiro.
Durante a entrevista, muitas perguntas focaram a questão dos patrocínios ou da falta deles nos esportes olímpicos. Giovane explicou que os principais problemas enfrentados pelas equipes na hora de buscar um patrocínio, é o fato de não ter como garantir o retorno, que todo investidor espera ao aplicar o seu dinheiro; que não basta a equipe alcançar os resultados dentro das quadras, é preciso vender um projeto social, levar os atletas para visitar as empresas do patrocinador, para visitar os clientes dele em vez de treinar, e com isso os jogadores passam a ser uma ferramenta de marketing.
Giovane não fugiu de nenhuma pergunta, mesmo quando lhe foi perguntado sobre as acusações de corrupção as quais o presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Carlos Arthur Nuzman tem sido vítima. Ressaltou o trabalho de Nuzman à frente da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) para conseguir apoio e montar uma boa seleção brasileira que acabou colocando o vôlei em destaque, que o presidente do COB, não precisa “roubar”, e que, se, se envolveu com alguma irregularidade foi em questão da “máquina” administrativa do COB
Em determinado momento da entrevista, Giovane “criticou” a imagem de ostentação de riqueza e status que alguns jogadores de futebol acabam passando para a garotada, quando desfilam em carros de luxo; o que faz com quê muitos garotos sintam-se muito mais atraídos pela carreira de jogador de futebol, do que por seguir carreira em outros esportes. Falou da intenção da Super Liga de Vôlei abrir o mercado para jogadores estrangeiros, mas salientou não ser benéfico para o nosso voley, que seria mais importante investir no produto nacional e dar oportunidade aos nossos jovens.
Questionado sobre a possibilidade de se fazer no vôlei, uma ação como a que foi feita com a vinda do Ronaldo para o Corinthians, como jogada de marketing, Giovane respondeu rindo que o problema é que Ronaldo só existe um; e lembrou que o flamengo tentou fazer o mesmo com a contratação do Ronaldinho, mas não funcionou e o flamengo continua sem conseguir patrocínio.
Giovane lembrou os melhores e os piores momentos de sua carreira, falou da emoção de conquistar uma medalha de ouro olímpica, de fazer o ponto decisivo em uma final e do jogo de despedida da seleção brasileira. Disse que deseja conquistar muitos títulos agora como técnico e declarou ter muita vontade de poder um dia ainda dirigir a seleção brasileira de vele. Também descartou as possibilidades, pelo menos por enquanto, de aceitar convite para dirigir equipes fora do Brasil ou dirigir equipes femininas.
Sobre as olimpíadas no Brasil, o técnico demonstrou preocupação com o atraso nas obras, mas lembrou que será uma oportunidade de melhorar especialmente o Rio de Janeiro; pois, terão que ser feitas obras que serão permanentes e que trarão benefício para a população para o resto da vida, e que não seriam feitas se não tivesse a realização do evento. Giovane acredita que os atletas, até 2016 serão muito “bajulados”, muito preparados, terão uma estrutura que nunca tiveram, e isso também pode ser duradouro, no entanto, disse se preocupar se os patrocinadores vão continuar dando apoio, vão continuar os investimentos a partir de 2017.
Falando sobre os técnicos com quem trabalhou Giovane destacou alguns nomes como o do Jorjão, técnico dos tempos do juvenil, de Bebeto de Freitas, Zé Roberto e Bernardinho que segundo disse, hoje como técnico tem um pouco das características dos dois últimos, principalmente do Bernardinho, um pouco mais exigente nos treinamentos. O ex-atleta e hoje técnico, lembrou que “determinação e disciplina” é tudo. E ainda levantou uma questão polêmica; disse, “nos somos treinados desde de pequenos, pra ser medíocres”, “desde pequeno nas escolas, eles sempre treinaram a gente, sempre educaram a gente pra tirar seis ou sete, que é a media pra gente passar de ano, eles nunca treinaram a gente pra tirar dez”, “nunca exigiram da gente um dez, o máximo”.
Ainda falando de treinamento e disciplina Giovane fez um paralelo entre os treinamentos feitos na Itália, nos Estados Unidos e no Brasil. Enquanto na Itália treina-se o mínimo para ganhar, nos Estados Unidos treina-se o máximo, mas o máximo pra eles é o necessário; no Brasil, segundo Giovane, sempre se trinou o máximo, porém sem qualidade; hoje, treina-se menos, mas com uma intensidade muito grande.
Giovane que atualmente cursa Educação Física, falou da importância da formação para poder entender melhor a preparação dos atletas, e não ser obrigado a concordar sem questionar as orientações de outros membros da comissão técnica, que muitas vezes passa uma orientação em um dia e outra no dia seguinte. Porém, questionado sobre uma possível saída para treinar outra equipe fora do Brasil, Giovane fez muitos elogios à comissão técnica com quem trabalha e às condições que recebe hoje para trabalhar, e descartou a possibilidade de aceitar alguma possível proposta para sair. Disse que até 2016 pretende estar formado, ter conquistado mais títulos e aí sim, assumir a seleção brasileira ou uma outra seleção que pode ser de outro país para ganhar experiência.
Sobre as conquistas da olimpíada como atleta e da Super Liga como treinador, Giovane disse que ambas aconteceram em momentos de firmação na carreira, e, portanto, ambas foram marcantes e emocionantes. Falou ainda que espera que as empresas agora, com a lei de incentivo, tenham mais confiança em investir em programas de preparação das categorias de base do vôlei brasileiro; e como incentivo a quem está começando uma carreira, que mire naquilo que quer e lute muito para conquistar.
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