Nos últimos dias a mídia tem noticiado com destaque as
primeiras prisões dos condenados no escândalo que ficou conhecido como
mensalão.
Desde 2005 quando o então Deputado Federal Roberto Jéferson,
após ser acusado de envolvimento em fraudes dos correios, resolveu “jogar a
m... no ventilador” e delatou outros nobres companheiros que recebiam propinas
para aprovar projetos, - prática que aliais é comum na maioria das câmaras, desde
a de Vereadores até o Senado Federal, - esse escândalo ganhou um espaço enorme na
mídia, passando a impressão à população menos informada, que esse teria sido o
maior escândalo do Brasil.
Como sempre ouvi falar de escândalos no país, resolvi fazer
uma pesquisa rápida sobre o tema e logo encontrei dados que no mínimo sujerem uma reflexão, pois, esses nos mostram que em se tratando de rombo aos
cofres públicos o escândalo do mensalão na verdade foi um dos menores;
ficando em nono lugar entre os dez maiores.
Então, porque se deu e se dar tanto destaque a esse
escândalo do mensalão, e se cobra tanto a punição dos envolvidos, enquanto se
esquece os envolvidos em outros escândalos que fraudaram os cofres públicos em
valores infinitamente maiores?
O que se quer condenar? A prática de corrupção ou um
determinado governo?
Porque os outros escândalos não receberam o mesmo tratamento
que foi dado ao mensalão?
Os dados que apresento a seguir são públicos e estão no
endereço eletrônico - http://mundoestranho.abril.com.br/materia/os-maiores-escandalos-de-corrupcao-do-brasil -
Os maiores escândalos de corrupção do Brasil
10. Me dá um dinheiro aí
CASO: Máfia
dos fiscais
ROMBO: R$
18 milhões
QUANDO: 1998
e 2008
ONDE: Câmara dos vereadores e servidores públicos
de São Paulo.
Comerciantes e ambulantes (mesmos aqueles com licença para
trabalhar) eram colocados contra a parede: se não pagassem propinas, sofriam
ameaças, como ter as mercadorias apreendidas e projetos de obras embargados. O
primeiro escândalo estourou em 1998, no governo de Celso Pitta. Dez anos mais
tarde, uma nova denúncia deu origem à Operação Rapa.
9.
Olha essa mesada!
CASO:
Mensalão
ROMBO: R$
55 milhões
QUANDO: 2005
ONDE: Câmara
Federal
Segundo delatou o ex-deputado federal Roberto Jefferson,
acusado de envolvimento em fraudes dos Correios, políticos aliados ao PT
recebiam R$ 30 mil mensais para votar de acordo com os interesses do governo
Lula. Dos 40 envolvidos, apenas três deputados foram cassados. A conta final
foi estimada em R$ 55 milhões, mas pode ter sido muito maior.
8.
Siga aquela ambulância
CASO:
Sanguessuga
ROMBO: R$
140 milhões
QUANDO:
2006
ONDE: Prefeituras
e Congresso Nacional
Investigações apontaram que os donos da empresa Planam
pagavam propina a parlamentares em troca de emendas destinadas à compra de
ambulâncias, superfaturadas em até 260%. Membros do governo atuavam nas
prefeituras para que empresas ligadas à Planam ganhassem as licitações.
Nenhum dos três senadores e 70 deputados federais envolvidos no caso perdeu o
mandato.
7.
Pobre Amazônia
CASO:
Sudam
ROMBO: R$
214 milhões
QUANDO: 1998
e 1999
ONDE: Senado Federal e União
Dirigentes da Superintendência de Desenvolvimento da
Amazônia desviavam dinheiro por meio de falsos documentos fiscais e contratos
de bens e serviços. Dos 143 réus, apenas um foi condenado e recorre da
sentença. Jader Barbalho, acusado de ser um dos pivôs do esquema, renunciou
ao mandato de senador, mas foi reeleito em 2011.
6.
Navalha na carne
CASO: Operação
Navalha
ROMBO: R$
610 milhões
QUANDO: 2007
ONDE: Prefeituras,
Câmara dos Deputados e Ministério de Minas e Energia
Atuando em nove estados e no Distrito Federal, empresários
ligados à Construtora Gautama pagavam propina a servidores públicos para
facilitar licitações de obras. Até projetos ligados ao Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC) e ao Programa Luz Para Todos foram fraudados.
Todos os 46 presos pela Polícia Federal foram soltos.
5.
Bilhete premiado
CASO:
Anões do orçamento
ROMBO:
R$ 800 milhões
QUANDO:
De 1989 a 1992
ONDE: Congresso
Nacional
Sete deputados (os tais “anões”) da Comissão de Orçamento
do Congresso faziam emendas de lei remetendo dinheiro a entidades filantrópicas
ligadas a parentes e cobravam propinas de empreiteiras para a inclusão de
verbas em grandes obras. Ficou famoso o método de lavagem do dinheiro ilegal:
as sucessivas apostas na loteria do deputado João Alves.
4.
Cadê o fórum?
CASO: TRT
de São Paulo
ROMBO: R$
923 milhões
QUANDO:
De 1992 a 1999
ONDE: Tribunal Regional do Trabalho de São
Paulo
O Grupo OK, do ex-senador Luiz Estevão, perdeu a licitação
para a construção do Fórum Trabalhista de São Paulo. A vencedora, Incal
Alumínio, deu os direitos para o empresário Fabio Monteiro de Barros. Mas uma
investigação mostrou que Fabio repassava milhões para o Grupo OK, com aval
de Nicolau dos Santos Neto, o Lalau, ex-presidente do TRT-SP.
3.
Precinho camarada
CASO: Banco
Marka
ROMBO: R$
1,8 bilhão
QUANDO:
1999
ONDE: Banco
Central
Com acordos escusos, o Banco Marka, de Salvatore Cacciola,
conseguiu comprar dólar do Banco Central por um valor mais barato que o
ajustado. Uma CPI provou o prejuízo aos cofres públicos, além de acusar a cúpula
do BC de tráfico de influência, entre outros crimes. Cacciola foi detido em
2000, fugiu para a Itália no mesmo ano e, preso em Mônaco em 2008, voltou ao
Brasil deportado.
2.
Chama o Van Helsing
CASO:
Vampiros da Saúde
ROMBO: R$ 2,4 bilhões
QUANDO:
De 1990 a 2004
ONDE:
Ministério da Saúde
Empresários, funcionários e lobistas do Ministério da Saúde
desviaram dinheiro público fraudando licitações para a compra de derivados
do sangue usados no tratamento de hemofílicos. Propinas eram pagas para a
Coordenadoria Geral de Recursos Logísiticos, que comandava as compras do
Ministério, e os preços (bem acima dos valores de mercado) eram combinados
antes. Todos os 17 presos já saíram da cadeia.
1.
Manda pra fora
CASO:
Banestado
ROMBO: R$
42 bilhões
QUANDO:
De 1996 a 2000
ONDE: Paraná
Durante quatro anos, cerca de US$ 24 bilhões foram
remetidos ilegalmente do antigo Banestado (Banco do Estado do Paraná) para
fora do país por meio de contas de residentes no exterior, as chamadas contas
CC5. Uma investigação da Polícia Federal descobriu que as remessas
fraudulentas eram feitas por meio de 91 contas correntes comuns, abertas em
nome de “laranjas”. A fraude seria conhecida por gerentes e diretores do banco.
Foram denunciados 684 funcionários - 97 foram condenados a penas de até
quatro anos de prisão. O estado obteve o retorno de arrecadação tributária
de cerca de R$ 20 bilhões.
*Valores
estimados e atualizados pela inflação
Fontes: Andre
Carraro, professor do departamento de economia da Unversidade Federal de
Pelotas e especialista em corrupção, Museu da Corrupção,
Controladoria-Geral da União, ONG Transparência Brasil, site Consultor Jurídico, Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo